Relatório sobre Soberania – outubro/2019
Publicado 06/11/2019 - Atualizado 12/11/2019
Fatos relevantes
O mês de outubro de 2019 marca de forma incondicional a face autoritária, entreguista e hipócrita do governo de Jair Bolsonaro.
Cresce de forma alarmante a ideologização na educação, quando em 5 de setembro de 2019, o Governo Federal e o Ministério da Educação (MEC) lançaram o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares 1, com investimento de 54 milhões de reais para 2020, na implantação destas escolas, seguindo seus preceitos ultraconservador e catequizando de forma criminosa a educação.
Na mesma toada de desmonte do Estado Brasileiro e ferindo gravemente nossa Soberania Nacional, o ministro da fazenda, Paulo Guedes, em Nova Iorque, garantiu para operadores do sistema bancário que a meta do governo é vender empresas estatais por US$ 20 bilhões este ano. Guedes afirmou que “em silêncio” já vendeu US$ 12 bilhões. Para o ministro, em breve, não haverá mais empresa estatal de petróleo no Brasil.
Outro fato marcante é a declaração, em 3 de outubro, do presidente da república, Jair Bolsonaro, em que admite que atua de forma antidemocrática contra a esquerda no país.
Observa-se que no mês de outubro diversas declarações de membros do governo federal e do parlamento, ligados a família de Bolsonaro e de seu staff, agrediram e ameaçaram incessantemente o Estado Democrático de Direito.
No campo internacional a subserviência do governo Bolsonaro e sua falta de diplomacia envergonharam, mais uma vez o povo brasileiro.
O presidente norte-americano, Donald Trump, indicou para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Argentina e a Romênia e não o Brasil, conforme expectativa do governo federal.
Do mesmo modo, nosso presidente congratulou-se com o príncipe saudita, Mohammed Bin Salman, acusado de mandar matar um jornalista; agrediu verbalmente, mais uma vez, a Argentina, e insultou o povo chileno, louvando o ditador Pinochet.
Na área ambiental se mostrou vingativo contra o nordeste frente ao gravíssimo caso de vazamento de óleo que castiga aquela região.
Um mês recheado de crimes lesa-pátria e de ameaças à democracia.
Análise crítica:
Nota-se de forma inconteste a tática e estratégia que o Governo Bolsonaro adota em sua sina de desmonte do Estado Brasileiro, e sua fortíssima inclinação ao autoritarismo.
A polarização em diversos assuntos funciona como um desviar de atenção proposital para sua ação econômica de arruinar nossas estatais e agredir nossa soberania.
Paulo Guedes, o ministro da Economia age de forma tranquila e sem o menor incômodo, enquanto Bolsonaro e sua equipe provocam a mídia e a opinião pública para suas teses polêmicas.
Contudo, as ameaças à democracia, o fechamento do regime pairam alarmantemente sobre o povo brasileiro.
As forças progressistas dispersas e desunidas contribuem, substancialmente, para o êxito do fim da democracia e o desmonte soberano de nosso Estado.
No horizonte não há qualquer amadurecimento ou proposta de bandeiras unificadoras da esquerda, para enfrentarmos este governo; e como consequência, o Brasil sofre com desastres ambientais e direitos são suprimidos numa correlação de forças no Congresso Nacional, sem quase reação e nossa Soberania é atacada diuturnamente.
E pior, notamos um anestesiamento social profundo onde não aglutinamos e não mobilizamos suficientemente para a defesa do Brasil.
Importante alertar que, se houver eleição em 2022, estaremos apenas disputando uma massa falida com os escombros do que restar do Brasil.
Dr. Manoel Dias é presidente da Fundação Leonel Brizola- Alberto Pasqualini e secretário geral do PDT
Nota:
1 http://portal.mec.gov.br/busca-geral/211-noticias/218175739/79931-governo-federal-lanca-programa-para-a-implantacao-de-escolas-civico-militares